domingo, 2 de maio de 2010

DFB 2010 - Moda como expressão - Fotos do DFB parte 1




As pessoas se expressam como melhor as convém. Escrevendo, pintando, dançando, cantando... e depois desses dias de Dragão Fashion Brasil, noto que o modo de se vestir também é uma forma de se expressar.

Coisas simples como colocar uma camisa, uma sandália ou uma pulseira, fazem parte de um complexo maior que é a nossa mente. Através de nossas roupas, exteriorizamos um pensamento de como queremos ser vistos. A vestimenta passa a ser um reflexo de nosso eu interior.





Vestir-se é por em concreto o que está dentro de nós em abstrato, é expressar nossa alma em forma de roupas. Assim como faz o poeta, o estilista coloca em seus traços os sentimentos que possui naquele momento, pincelando curvas como se buscasse a métrica exata para fazer rimar um cinto com uma bolsa ou sapato. Uma estrofe perfeita, que se faz entendida no corpo de um homem ou mulher.



O que se mostra à primeira vista no mundo da moda, no qual mergulhei nesse DFB, quando fui incumbido pelos amigos do Getting Up para fotografar, é um mundo de luxo e coisas superficiais. Digo e repito “primeira vista”. Olhando mais cuidadosamente, sob uma perspectiva despretensiosa de alguém ignorante como eu, mas que não se prende a conceitos predeterminados, au contraire, busca no cerne das coisas formular pensamento próprio... descobri que num mundo que cuida das coisas superficiais – entenda-se superficial o que está sobre a pele, isto é, na superfície – existe mais coisas do que pode supor minha vã filosofia, se me permite Shakespeare falar assim.




Uma roupa que lá está no desfile não é uma mera roupa, existe um histórico por traz dela, desde seu idealizador, passando por quem a costurou, até chegar na modelo que desfilou. Tudo começou apenas com uma idéia, com um sentimento. Este sentimento será, ao final, interpretado pela modelo que desfila, que possui importante papel, podendo elevar a peça ou esconde-la sob seu pobre andar. Desfilar é interpretar. Através dos poucos segundos que o modelo percorre o palco ele encara o papel de um ator mudo, que deve contar uma história utilizando-se de sua expressão facial e corporal. Cada passo é uma palavra, o movimento uma frase, o olhar o ponto final... ou uma interrogação, exclamação, reticência... O expectador, enfim, re-interpretará o que aquilo o faz sentir, uma vez que provocar sensações é um dos objetivos da arte.




A beleza do desfile não está apenas na criatividade do estilista, ou na beleza dos modelos, mas nesta conversa silenciosa travada, em que o estilista provoca o público expondo sua alma em uma passarela.

Por diversas vezes senti-me tocado por uma modelo que realmente interpretava um papel ao pisar na passarela, enquanto outras se mostravam incapazes de me fazer sentir algo. Melhor seria jogar a roupa na passarela, ou expor num cabide. Pessoas sem expressão... em uma metáfora ao poeta, poder-se-ia dizer que foram meras palavras jogadas ao vento. Assim como nenhum ouvido captou as palavras, nenhum dos olhos enxergou a essência da roupa, ou entendeu o que aquilo ansiava significar quando ainda era um desenho num papel.


Eu, ser ignorante, das cavernas, achava que desfilar era apenas andar, parar, voltar. Não é. Talvez meu caro leitor, neandertal como eu, vá dizer que me abaitolei depois do DFB. Não é o caso. A moda não está aí apenas para mulheres e gays, apesar deles disporem de uma sensibilidade maior. Todavia, pode-se afirmar que a moda, infelizmente, não é tão palpável aos pobres. Afinal, moda não é simplesmente vestir-se. Enquanto pobres colocam panos sobre o corpo, quem pode mais se expressa, como dito anteriormente. Pobre pode não estar na moda, mas criatividade ele sempre terá!



Outro fato infeliz é notar que a partir disto, as marcas passam a quase imperar. Dolce & gabanna, Prada, Louis Vuitton, Givenchy, Puma, Nike, o diabo a quatro... ditam uma moda. Graças a Deus não chegam a ditar a moda isoladamente, mas em conjunto... Isto é, enquanto as pessoas deveriam buscar sua individualização em si, e mostrar aos outros o que são por si, elas se utilizam de uma marca que já em sua propaganda define o que a pessoa é. Triste realidade. Tão triste que leva nosso proletariado a adquirir produtos falsos tentando alcançar este ideal pregado pelas marcas. O luxo é um instrumento de diferenciação e exclusão social, mas na apenas isso, podendo se transformar também em um instrumento de alienação.




Ah! Estou me desvirtuando da premissa principal já! Isto aí já é tema pra um outro post, em um outro momento.

Deixo meu caro leitor com as fotos que bati neste DFB, apenas algumas, pois foram tantas, que ficaria cansativo para eu postar e para você ver. Desta forma, outro dia posto a segunda parte das fotos. Lembrando que se você clicar na foto ela aumenta de tamanho. Espero que gostem!















































3 comentários:

  1. como pensei... modelos relmente precisam comer mais quem gosta de osso é cachorro... as fotos tão boas, mas o tema realmente...

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  2. Se elas comerem um pouco mais não entraram nas roupas. Vão ter que ir para aqueles desfiles das gordinhas... Há gosto pra tudo.

    As fotos e os comentários estão mui bons. Gostei.

    Moda realmente não é barato. Mas há quem goste. Eu gosto. Fora os produtos falsos!!

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  3. Bela iniciativa. Sempre bom ver blogs locais!

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